Sala
de aula interativa
Perspectivas
para a educação
Dirijo-me muito especialmente aos educadores
e teóricos da educação, desejando apresentar-lhes um desdobramento especifico:
a articulação entre comunicação interativa e educação, enfocando
particularmente a sala de aula e a revitalização da prática pedagógica e da
autoria do professor, a partir do redimensionamento da pragmática
comunicacional que classicamente vem separando a emissão e a recepção.
Convido-os ao desafio de repensar nossas práticas comunicacionais em nossas
salas de aula.
O educador P. Freire já chamou nossa atenção
para o problema da transmissão quando dizia: “A educação autêntica, repitamos,
não se faz de ‘A’ para ‘B’ ou de ‘A’ sobre ‘B’, mas de ‘A’ com ‘B’,
mediatizados pelo mundo.
Digo isso no sentido da formulação de P.
Lévy: “a escola é uma instituição que há cinco mil anos se baseia no
falar/ditar do mestre”. Tradicionalmente, os professores vêm reproduzindo a
sala de aula centrada na transmissão de informações. Assim tem sido a
pragmática comunicacional da sala de aula: o falar/ditar do mestre.
A advertência de P. Freire não modificou
nossa comunicação com nossos alunos. Muitos de nós recusamos adotar a tv em
sala de aula como recurso capaz de potenciar a construção do conhecimento. Um
dos motivos dessa recusa certamente não é a natureza emissora da tv, mas sua
estética “neobarroca”. Pois bem, estamos agora diante da emergência histórica
da interatividade. Na esfera tecnológica, a tela do computador não é um plano
de irradiação, mas um espaço de manipulação, de cocriação, com “janelas” móveis
e abertas a múltiplas conexões.
Entre as escolas que se divulgam
“interativas”, pode-se encontrar muito mais a confirmação daquelas reações
críticas citadas no primeiro paragrafo desta introdução: modismo, argumento de
venda, ideologia publicitaria, dominação da técnica etc. Vejo aí a banalização
da interatividade, das próprias tecnologias hipertextuais e, em primeira e
ultima instancia, da escola e da educação.
A sala de aula interativa seria o ambiente em
que o professor interrompe a tradição do falar/ditar, deixando de
identificar-se com o contador de historias, a adota uma postura semelhante a do
designer de software interativo. Ele constrói um conjunto de territórios a
serem explorados pelos alunos e disponibiliza coautoria e múltiplas conexões,
permitindo que o aluno também faça por si mesmo. Isto significa muito mais do
que “ser um conselheiro, uma ponte entre a informação e o entendimento, um
estimulador de curiosidade e fonte de dicas para que o aluno viaje sozinho no
conhecimento obtido nos livros e nas redes de computador”.
Referencias
Silva, Marco
Sala
de aula interativa: educação, comunicação, mídia clássica...
/Marco Silva. -5. Ed. São Paulo: Edições
Loyola, 2010- (coleção práticas pedagógicas)
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