quinta-feira, 2 de maio de 2013


Sala de aula interativa

Perspectivas para a educação

         Dirijo-me muito especialmente aos educadores e teóricos da educação, desejando apresentar-lhes um desdobramento especifico: a articulação entre comunicação interativa e educação, enfocando particularmente a sala de aula e a revitalização da prática pedagógica e da autoria do professor, a partir do redimensionamento da pragmática comunicacional que classicamente vem separando a emissão e a recepção. Convido-os ao desafio de repensar nossas práticas comunicacionais em nossas salas de aula.

          O educador P. Freire já chamou nossa atenção para o problema da transmissão quando dizia: “A educação autêntica, repitamos, não se faz de ‘A’ para ‘B’ ou de ‘A’ sobre ‘B’, mas de ‘A’ com ‘B’, mediatizados pelo mundo.

         Digo isso no sentido da formulação de P. Lévy: “a escola é uma instituição que há cinco mil anos se baseia no falar/ditar do mestre”. Tradicionalmente, os professores vêm reproduzindo a sala de aula centrada na transmissão de informações. Assim tem sido a pragmática comunicacional da sala de aula: o falar/ditar do mestre.

         A advertência de P. Freire não modificou nossa comunicação com nossos alunos. Muitos de nós recusamos adotar a tv em sala de aula como recurso capaz de potenciar a construção do conhecimento. Um dos motivos dessa recusa certamente não é a natureza emissora da tv, mas sua estética “neobarroca”. Pois bem, estamos agora diante da emergência histórica da interatividade. Na esfera tecnológica, a tela do computador não é um plano de irradiação, mas um espaço de manipulação, de cocriação, com “janelas” móveis e abertas a múltiplas conexões.

          Entre as escolas que se divulgam “interativas”, pode-se encontrar muito mais a confirmação daquelas reações críticas citadas no primeiro paragrafo desta introdução: modismo, argumento de venda, ideologia publicitaria, dominação da técnica etc. Vejo aí a banalização da interatividade, das próprias tecnologias hipertextuais e, em primeira e ultima instancia, da escola e da educação.

          A sala de aula interativa seria o ambiente em que o professor interrompe a tradição do falar/ditar, deixando de identificar-se com o contador de historias, a adota uma postura semelhante a do designer de software interativo. Ele constrói um conjunto de territórios a serem explorados pelos alunos e disponibiliza coautoria e múltiplas conexões, permitindo que o aluno também faça por si mesmo. Isto significa muito mais do que “ser um conselheiro, uma ponte entre a informação e o entendimento, um estimulador de curiosidade e fonte de dicas para que o aluno viaje sozinho no conhecimento obtido nos livros e nas redes de computador”.

 

 

                                             Referencias

Silva, Marco

       Sala de aula interativa: educação, comunicação, mídia clássica...

   /Marco Silva. -5. Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2010- (coleção práticas pedagógicas)